Irrigação e Fertirrigação - Parte III

4.4                MANEJO DA IRRIGAÇÃO EM CONDIÇÕES SALINAS

Apesar dos rendimentos com águas salinas não serem superiores aos obtidos com água de melhor qualidade, com a irrigação localizada se consegue melhores rendimentos que com outros sistemas de irrigação.
Nos sistemas de irrigação localizada de alta freqüência, a distribuição de sais no solo, ao se utilizar águas salinas, varia bastante em relação aos sistemas de irrigação por aspersão e gravidade.
Esta distribuição dos sais no solo (para certas condições de clima, solo e água), vai depender fundamentalmente da vazão unitária do gotejador, da dose de irrigação e da distância utilizada entre gotejadores.
A água se difunde tanto em profundidade como lateralmente, produzindo assim uma acumulação de sais na superfície do solo ou a pouca profundidade, bem como na periferia do bulbo úmido.

4.5.1 SITUAÇÃO DO GOTEJADOR NA INSTALAÇÃO 
Neste sentido é conveniente procurar (quando na fase do projeto do sistema de irrigação localizada), se conseguir uma sobreposição suficiente (15 – 20%) entre gotejadores, para que se forme uma faixa úmida contínua na linha de irrigação. No caso de cultivos em fileiras duplas, deverá ser colocado um ramal de gotejadores para cada linha de plantas.

4.5.2 DOSE E FREQÜÊNCIA DE IRRIGAÇÃO 
Na irrigação localizada se produz uma acumulação de sais na periferia das superfícies umedecidas, o que resulta ser insuficiente a lavagem dos sais. Por este motivo, e principalmente quando se utiliza águas salinas, é bastante conveniente realizar dosagens adicionais de água, a fim de se deslocar a frente salina, da periferia, para a maior distância do ponto onde está o gotejador, conseguindo-se, com isso, aumentar o volume de solo explorado pelas raízes.
Estes incrementos extras de água devem ser complementados com práticas de lavagem profunda, ao final de cada estação de produção (safra), especialmente em cultivos de estufas, onde a lavagem natural por água de chuva não ocorre. Nestes casos é conveniente que, ao se projetar os sistemas de irrigações localizados se contemple a possibilidade de se utilizar técnicas de lavagens complementares, como a aspersão ou a irrigação de superfície.
É notório que se pode fazer uso de águas de qualidade duvidosa em irrigação localizada, sempre que se tenha em mente um bom manejo para a prática. A chave do sucesso para este sistema de irrigação reside em se manter a umidade elevada em disponibilidade às raízes, mediante a aplicação de irrigação tanto mais freqüente, quanto mais arenoso seja o substrato.
Por fim, não se deve esquecer que para a utilização de águas salinas, é exigida uma boa drenagem (natural ou artificial) do solo, a fim de que permita a eliminação de sais em profundidade. Como referência, a grande maioria dos estudiosos recomenda uma permeabilidade superior a 25 mm/h.

4.5.3 CHUVAS E MANEJO DA IRRIGAÇÃO 
Ainda que pareça extranho, no caso de cultivos ao ar livre, é conveniente irrigar mesmo quando acontecem pequenas chuvas (chuvas débeis). Esta prática tem a finalidade de evitar que os sais acumulados nas periferias das superfícies umedecidas se desloquem para a zona radicular.

4.4.4          FERTILIZAÇÃO 
As hortaliças requerem grandes quantidades de fertilizantes, principalmente quando cultivadas em estufas, onde a produtividade é muita elevada. Em certas ocasiões, as águas de irrigação possuem altas concentrações de elementos essenciais (potássio, cálcio, nitrogênio, etc.). Assim sendo, quando do momento de se planejar um plano de fertirrigação, deve-se ter em mente as quantidades de nutrientes que serão disponibilizadas na água de irrigação.
Nos sistemas de irrigação localizada, a fertilização e a irrigação são realizadas conjuntamente (fertirrigação); por isto, especial atenção deve ser dispensada quando se faz uso de água de má qualidade.
A adição de fertilizantes à água de irrigação irá proporcionar um aumento da condutividade elétrica da água, o que indicará que se deve aplicar fertilizantes com baixo índice de salinidade e efetuar incrementos de forma regular a fim de evitar doses elevadas.
A acumulação de sais atrasa a evolução da matéria orgânica, de tal maneira que, nestes casos é recomendado a aplicação de esterco bem decomposto (curtido).

4.4.5          OUTRAS RECOMENDAÇÕES 
A germinação e o estágio de plântula são fases críticas nas quais é reduzida a tolerância do cultivo aos sais, de tal maneira que o semeio no plano ou em meia-ladeira (quando o semeio é realizado em camalhões) são práticas aconselháveis, pois favorecem o desenvolvimento da semente e da plântula.
As práticas agrícolas superficiais (capinas, escarificações, etc), devem ser bem conduzidas a fim de se reduzir ao máximo a evaporação, já que deste modo se evita o ascenso de sais por capilaridade, à zona radicular.
Já as práticas agrícolas de maior profundidade (subsolagens, etc.), favorecem à lavagem e eliminação dos sais do solo.

RESUMOS
Uma determinada área de sequeiro, para que seja transformada em zona irrigada, está condicionada aos seguintes fatores:
·         A disponibilidade de água.
·         A qualidade da água para este fim.
A vazão disponível e a demandada por unidade de superfície determinarão a superfície máxima a irrigar.
Geralmente, a água de irrigação é oriunda de águas superficiais ou de águas subterrâneas.
Em sua movimentação, a água arrasta partículas, dissolve sais, se contamina e com isto altera sua qualidade para a irrigação.
A dissolução de um sal significa a dispersão de suas moléculas em dois constituintes: ácidos (ânions) e bases (cátions).
Um alto conteúdo de sal na água impede que a planta absorva água do solo; muitas vezes, certos sais destroem a estrutura do solo, e em ocasiões bastante freqüentes, podem deteriorar ou destruir elementos da rede de irrigação.
A aptidão da água para a irrigação é medida pelos conteúdos de:


Para conhecer a qualidade de uma água, é indispensável que se proceda a uma análise laboratorial da mesma. A coleta da amostra influi enormemente nos valores. Desta forma, deve-se ter o cuidado de seguir os procedimentos já descritos anteriormente, e por fim, remeter a amostra ao laboratório. O resultado da análise deverá contemplar pelo menos os parâmetros anteriormente descritos, além do valor da condutividade elétrica (CEa).
Pelas quantidades valoradas de cátions e ânions, se deduz se a água é tóxica para o cultivo ou para a estrutura do solo (Na+) ou se prejudica o funcionamento do sistema de irrigação (Ca, Mg, etc.) ou deteriora sua integridade (SO4).
O índice Razão de Adsorção de Sódio (R.A.S.) faz referência à proporção relativa do sódio (Na) ante aos cátions que são liberados pela sua presença (Ca e Mg), e que evidenciam o perigo de desagregação da estrutura do solo.

ü  A um maior valor de RAS, maior perigo de degradação do solo.
ü  O índice RAS aumenta se não há presença de Ca e Mg na solução, fato que se produz quando os sais desses elementos se precipitam, pela evaporação da água. Este fato negativo é de suma importância na superfície da zona molhada pelo gotejador (bulbo úmido).
ü  Os parâmetros RASaj e a CEa, quando observados conjuntamente, dão informações mais precisas sobre a qualidade da água.
ü  A toxidez de certos cátions depende do sistema de irrigação empregado, e da cultura explorada. Porém, deve ser objeto de prevenção, quando os limites descritos anteriormente sejam atingidos.
ü  Partículas em suspensão é a principal causa de obstrução física dos gotejadores, enquanto que ânions e cátions como cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Ferro (Fé) ou Carbonato (CO3), dá origem a obstruções químicas, e ainda um alto conteúdo de bactérias, ás obstruções biológicas.
ü  Alguns ânions, principalmente os Sulfatos (SO4), causam corrosão nos elementos metálicos dos sistemas de irrigação.
ü  Um estudo detalhado da água a ser utilizada e do tipo de solo disponível, previamente à transformação da área, evitará surpresas posteriores desagradáveis, bem como a ocorrência de gastos para correção dos problemas.

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